Wednesday, September 15, 2004

Investimento Português na Educação

Investimento Português na Educação
Por BÁRBARA WONG
Público, Quarta-feira, 15 de Setembro de 2004

Portugal fica abaixo da média da OCDE

Portugal tem investido no sector da educação, mas o esforço que tem feito fica abaixo da média dos cerca de 30 países que foram analisados pelo relatório "Education at Glance - 2004", apresentado ontem pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico). O relatório traça um retrato do estado da educação nos países membros da organização.

Em média os estados gastam, por ano, 3921 euros por cada estudante do ensino básico, 5445 euros com os alunos do secundário e dez mil euros com um jovem no ensino superior. Os números são de 2001 e revelam que Portugal fica abaixo da média, sobretudo no que diz respeito ao financiamento do ensino superior, onde investe menos de metade da média, despendendo 4231 euros por aluno/ano. Nos outros ciclos, o país não está tão mal: gasta 3400 por cada estudante do ensino básico e 4863 euros por aluno do secundário.

Portugal está a meio da tabela. Há quem invista menos, como a Grécia, México, Polónia e a Turquia. No topo encontram-se os EUA, Holanda, Suécia, Bélgica, Dinamarca e a Irlanda.

A percentagem do PIB (riqueza nacional) atribuída ao ensino superior reflecte o pouco investimento feito. Em 2001, Portugal despendeu precisamente o mesmo que no ano anterior, 1,1 por cento, o que coloca o país abaixo da linha média dos restantes estados da OCDE. Só a Coreia do Sul, o Canadá e os Estados Unidos gastam mais de dois por cento do seu produto interno bruto com o ensino superior.

No entanto, Portugal faz melhor figura quando se tem em conta a despesa total: com todos os níveis de ensino, o país despendeu 5,9 por cento da riqueza nacional - a média da OCDE é de 5,6 por cento.

O relatório ressalva que o facto de se gastar pouco não é sinónimo de que a qualidade do ensino seja inferior. E dá como exemplo os casos da Austrália, Finlândia, Coreia do Sul e Reino Unido, onde se tem investido menos no ensino básico e secundário e os alunos de 15 anos têm melhores prestações nos estudos internacionais (ver texto nesta página).

O relatório aponta ainda que os fundos para o ensino são maioritariamente públicos (88 por cento). Por cá, em 2001, apenas 1,5 por cento das despesas não eram financiadas pelo Estado, em todos os níveis de ensino, o que coloca Portugal no fundo do "ranking". O financiamento privado tem algum peso na Coreia (43 por cento) e nos EUA (31 por cento). E são as instituições de ensino superior que mais conseguem cativar fundos privados.

Mais anos na escola

As crianças e os jovens passam cada vez mais anos na escola. A expectativa é para que, em média, estudem 17,2 anos. Portugal está na média, mas em países como a Austrália, a Suécia e o Reino Unido os estudos podem prolongar-se por mais de 20 anos.

Esta estadia mais prolongada no sistema de ensino vai reflectir-se na entrada no superior. Aliás, em toda a Europa, à excepção da Áustria e da França, a frequência das universidades e politécnicos tem vindo a aumentar desde 1995. E um jovem, em média, pode passar 2,7 anos num curso superior. Acima da mediania estão a Finlândia, Coreia do Sul e EUA - nesses países os alunos vão ficar quatro anos na universidade.

A maior parte dos jovens frequentam uma universidade pública. As excepções são a Bélgica, Japão, Coreia do Sul, Holanda e Reino Unido, onde imperam as instituições privadas.

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