Público
Sábado, 02 de Outubro de 2004
As relações entre os municípios e os clubes de futebol constituem uma zona cinzenta e opaca onde se ocultam cumplicidades políticas e favorecimentos em negócios que mancham indelevelmente a credibilidade dos poderes políticos. Numa teia rodeada de um silêncio que resguarda os protagonistas de transacções realizadas sem critérios objectivos e à margem de elementares regras de boa gestão dos dinheiros públicos, crescem impunemente as ligações suspeitas entre o Estado e entidades privadas.
Em Lisboa, segundo relatou o PÚBLICO, uma "engenharia" financeira sobre terrenos que haviam sido oferecidos pela Câmara ao Benfica revelou-se, até agora, um péssimo negócio para a EPUL. A empresa já gastou mais de 40 milhões de euros sem que tenha recolhido qualquer benefício pela compra daquele bem imóvel ao clube lisboeta. Tudo em nome do financiamento do novo estádio da Luz.
Em Gaia, de acordo com uma reportagem da revista "Visão", o respectivo município suportou, sozinho, os 16 milhões de euros que custou o centro de estágio do FC Porto, sem exigir quaisquer contrapartidas. A própria autarquia, citada num relatório da Inspecção-Geral de Finanças, reconhece, até, que se aquele clube decidir abandonar a estrutura que lhe foi oferecida pela edilidade liderada por Luís Filipe Menezes, essa seria uma situação "desastrosa do ponto de vista dos recursos públicos".
O futebol insinua-se como uma doença maligna junto de autarcas pusilânimes que temem as consequências de uma sacudidela no pântano de promiscuidade em que se deixam voluntariamente atolar. Na ânsia de assegurar a boa vontade de dirigentes e adeptos, mostram ser realmente dignos de pertencerem a um só clube: o da gestão ruinosa.
Saturday, October 02, 2004
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