DN 6 Fev 2005
Professores indignados com regras de avaliação
Possibilidade de os pais impedirem o chumbo dos filhos contestada por docentes açorianos
Olímpia Granada
Ponta Delgada
A publicação da Portaria n.º 92/2004 introduziu polémicas alterações às regras de avaliação dos alunos que frequentam nos Açores o 1.º Ciclo do Ensino Básico. Os professores ficaram particularmente indignados com a concessão, aos pais e encarregados de educação, do poder de recusarem a retenção dos seus educandos.
No diploma, o conceito de "ano de escolaridade" é praticamente abolido. O chamado "chumbo" deixa de ser possível no 1.º ano do Ensino Básico e, nos 2.º e 3. º anos, passa a estar dependente de quatro factores "Na certeza de que nos anos que ainda faltam (para acabar o ciclo) o aluno não vai atingir os objectivos"; da possibilidade de criar turmas que agrupem o mesmo nível de competências; de não ocorrer dupla repetência; e, por fim - motivo de toda a contestação -, que a decisão "seja do conhecimento do encarregado de educação e não mereça a sua oposição".
Fátima Garcia, do Sindicato dos Professores da Região Açores considerou esta medida "ofensiva da dignidade profissional" da classe, enquanto Fernando Fernandes, do Sindicato Democrático dos Professores, avisou que se está a "colocar nos pais uma competência para a qual tecnicamente não estão preparados". João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos de Educação, acrescentou "Não podemos pôr pais a decidirem contrariamente ao professor".
Álamo Meneses, secretário açoriano da Educação, defendeu a portaria, garantindo ao DN que esta não dá aos pais "o direito de determinar o nível de competência atingido", mas apenas o poder "de determinar se há ou não retenção administrativa". Este responsável defende que "à escola cabe descobrir e desenvolver talentos e não aplicar 'penas de morte' académicas em idade precoce" que conduzem a desistências. "Nos Açores, 500 alunos abandonam anualmente a escola sem o 9º ano", lembrou.
Exames. Todos os alunos dos 4.º, 6.º e 9.º anos vão já este ano prestar provas que contam para a avaliação final. Ao invés do continente, onde os exames só vão ocorrer no 9ª ano, as escolas e os professores é que vão determinar as transições de ciclo sem a imposição de uma "fórmula matemática". Por isso, os professores temem diferenças de critério.
Por outro lado, os sindicatos dão boa nota aos concursos regionais de colocação de professores. Nos Açores o ano lectivo começou na data prevista e o concurso para 2005/06 já decorre. Para um quadro global de 4630 lugares esperam-se entre dez a 15 mil concorrentes. O concurso assenta num suporte totalmente electrónico, produzido por uma empresa regional.
Possibilidade de os pais impedirem o chumbo dos filhos contestada por docentes açorianos
Olímpia Granada
Ponta Delgada
Arquivo DN -Amin Chaar
"Protegidos". Autoridades dizem que reprovações levam ao abandono
A publicação da Portaria n.º 92/2004 introduziu polémicas alterações às regras de avaliação dos alunos que frequentam nos Açores o 1.º Ciclo do Ensino Básico. Os professores ficaram particularmente indignados com a concessão, aos pais e encarregados de educação, do poder de recusarem a retenção dos seus educandos.
No diploma, o conceito de "ano de escolaridade" é praticamente abolido. O chamado "chumbo" deixa de ser possível no 1.º ano do Ensino Básico e, nos 2.º e 3. º anos, passa a estar dependente de quatro factores "Na certeza de que nos anos que ainda faltam (para acabar o ciclo) o aluno não vai atingir os objectivos"; da possibilidade de criar turmas que agrupem o mesmo nível de competências; de não ocorrer dupla repetência; e, por fim - motivo de toda a contestação -, que a decisão "seja do conhecimento do encarregado de educação e não mereça a sua oposição".
Fátima Garcia, do Sindicato dos Professores da Região Açores considerou esta medida "ofensiva da dignidade profissional" da classe, enquanto Fernando Fernandes, do Sindicato Democrático dos Professores, avisou que se está a "colocar nos pais uma competência para a qual tecnicamente não estão preparados". João Dias da Silva, secretário-geral da Federação Nacional dos Sindicatos de Educação, acrescentou "Não podemos pôr pais a decidirem contrariamente ao professor".
Álamo Meneses, secretário açoriano da Educação, defendeu a portaria, garantindo ao DN que esta não dá aos pais "o direito de determinar o nível de competência atingido", mas apenas o poder "de determinar se há ou não retenção administrativa". Este responsável defende que "à escola cabe descobrir e desenvolver talentos e não aplicar 'penas de morte' académicas em idade precoce" que conduzem a desistências. "Nos Açores, 500 alunos abandonam anualmente a escola sem o 9º ano", lembrou.
Exames. Todos os alunos dos 4.º, 6.º e 9.º anos vão já este ano prestar provas que contam para a avaliação final. Ao invés do continente, onde os exames só vão ocorrer no 9ª ano, as escolas e os professores é que vão determinar as transições de ciclo sem a imposição de uma "fórmula matemática". Por isso, os professores temem diferenças de critério.
Por outro lado, os sindicatos dão boa nota aos concursos regionais de colocação de professores. Nos Açores o ano lectivo começou na data prevista e o concurso para 2005/06 já decorre. Para um quadro global de 4630 lugares esperam-se entre dez a 15 mil concorrentes. O concurso assenta num suporte totalmente electrónico, produzido por uma empresa regional.
Sunday, February 06, 2005
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