COISAS DA SÁBADO: RETRATOS DE UM SONHO ORWELLIANO
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Espero bem que nunca haja uma escola do ensino básico assim. Este mundo asséptico é a completa negação do que deve ser o ensino básico, para crianças para quem a cor, a luz, o som, o movimento, são o elemento básico de uma vida que tem que entrar com elas dentro da escola. Neste mundo PT - Sócrates, o elemento essencial do sucesso pedagógico aparece como sendo o computador, quando é o professor, é a capacidade empática do professor a chave de tudo e é essa realidade, mais difícil de dominar e melhorar, que não se alimenta da crença na instantaneidade do saber pelo acesso aos gadgets.
Aquelas crianças têm que aprender a ler em livros e não no ecrã do computador, por razões que qualquer pessoa que saiba da matéria explicará: não se lê da mesma maneira nos dois sítios. Aquelas crianças têm que aprender a escrever com lápis e papel e não no ecrã do computador ou no SMS do telemóvel, por razões que qualquer pessoa que saiba da matéria explicará: não se escreve da mesma maneira nos dois sítios. Pode-se sempre dizer e bem que é em livros e também no ecrã, é em papel e é no processador de texto. Muito bem, só que a ordem porque aprendem e o modo como interligam as diferentes literacias não é irrelevante. Bem pelo contrário, a não ser que se queira fazer um atestado de óbito à leitura literária por exemplo, ou diminuir ainda mais do que já está a riqueza vocabular da língua, com a concomitante perda de capacidade de comunicação, que se queira eliminar a possibilidade de se saberem fazer contas sem máquinas, por aí adiante.
Aquela escola da PT – Sócrates do reclame é para robots, não é para humanos.